quinta-feira, 1 de novembro de 2007

BOM FERIADÃO!

Enquanto houver AMIZADE


Pode ser que um dia deixemos de nos falar,
mas, enquanto houver amizade,
faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe.
Mas,se a amizade permanecer,
um do outro ha de se lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos.
mas,se formos amigos de verdade,
a amizade nos reaproximara´.

Pode ser que um dia não mais existamos.
Mas se ainda sobrar amizade,
nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe.
Mas,com a amizade
construiremos tudo novamente,
cada vez de forma diferente,
sendo único e inesquecível cada momento
que juntos viveremos e nos
lembraremos para sempre.


Albert Einstein

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

SITE DO SOMÍNIO PÚBLICO

Este site é muito legal!

Aqui você baixa obras da literatura brasileira e portuguesa gratuita e muito mais.
Adicione aos seus favoritos.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

Abraços

Irana

LINKS ESPECIAIS

Caros alunos.

Abaixo o site p/ dowlound de livros:

http://www.4shared.com/network


Sites sobre resenhas:


http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_professor_virtual_perguntas_resenha_universitaria.html

http://www.lendo.org/como-fazer-uma-resenha/

http://www.ucb.br/prg/comsocial/cceh/normas_organinfo_resumo_critico.htm

http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php (este site com modelos de resenhas)

Abraços

Irana

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

ESTUDE AQUI!!

.: Língua Portuguesa

Gramática Portuguesa

www.gramaticaportuguesa.com

Exercícios, dicas e um estudo gramatical sobre o idioma.

Gramática Online

www.gramaticaonline.com.br

Dicas de língua portuguesa, fóruns, análise de exames vestibulares e artigos sobre erros ortográficos cometidos na imprensa.

Língua Brasil

www.linguabrasil.com.br

Patrocinado pelo Instituto Euclides da Cunha, o site tira dúvidas sobre língua portuguesa, traz fóruns de discussão e mural de consultas sobre o tema. Seção "Não tropece na Língua", com aulas sobre o idioma.

Língua Portuguesa
http://educaterra.terra.com.br/sualingua
Dicas sobre ortografia e gramática, serviço de tira-dúvidas interativo, artigos sobre o idioma.

Nossa Língua Portuguesa
www.uol.com.br/linguaportuguesa
Elaborado pelo professor Pasquale Cipro Neto, o site traz informações sobre obras do educador, análise sobre a forma como a língua portuguesa é utilizada no cotidiano e seção de testes.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A LÍNGUA PORTUGUESA VAI MUDAR EM JANEIRO DE 2008

O que muda?

O jornal Folha de S. Paulo relacionou as mudanças, que atingem até 2% do vocabulário brasileiro:

HÍFEN

Não se usará mais:

1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso" , "antissemita" , "contrarregra" , "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado" , "inter-resistente" e "super-revista"

2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar" , "aeroespacial" , "autoestrada"



TREMA

Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados



ACENTO DIFERENCIAL

Não se usará mais para diferenciar:

1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)

2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)

3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo")

4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo)

5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)



ALFABETO

Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y"



ACENTO CIRCUNFLEXO

Não se usará mais:

1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"

2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"



ACENTO AGUDO

Não se usará mais:

1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia"

2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca"

3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem

GRAFIA

No português lusitano:

1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" -que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo"

2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serão grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido"

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Código dos Indígenas Americanos

Extraído do Livro de Robert Wong


1- Levante com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência. O Grande Espírito o escutará se você ao menos, falar.

2- Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza originam-se de uma alma perdida. Ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito .

3- Procure conhecer-se, por si próprio. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você.

4- Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.

5-Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa , da comunidade, da natureza ou da cultura. Se não foi ganho nem foi dado, não é seu.

6- Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas , plantas ou animais.

7- Respeite os pensamentos, os desejos e as palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito de expressão pessoal.

8- Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você coloca para fora, no Universo, voltará multiplicada a você.

9- Todos as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados .

10- Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o otimismo.

11- A Natureza não é para nós, ela é parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa família Terrena.

12- As crianças são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e ágüe com sabedoria e lição de vida. Quando estiverem crescendo, dê-lhes espaço para que cresçam.

13- Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros, retornará a você.

14- Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do Universo.

15- Mantenha-se equilibrado.

A DELICADEZA DO AMOR

Vera Lúcia de Oliveira



Ser delicado é possuir alma de criança,
É acreditar...
É se emocionar ao ouvir o barulho do mar...
É conversar com as paredes...
É sentir a pureza de uma rosa,
e se envolver no seu perfume...
É ouvir o cantar dos pássaros e
se transportar ao sonho...
É ouvir o sussurrar do vento
falando de amor aos seus ouvidos...
É perceber na musicalidade da chuva,
o sentido da vida...
É ver a tempestade, seus raios,
trovões e vendavais, impondo limites
a humanidade...
É entender que as nuvens negras passam,
E logo ao amanhecer,
nasce o sol com seus raios multicoloridos
nos mostrando...
que vale a pena viver...
É sentir o sol transcender o corpo
e iluminar a alma...
É olhar uma estrela e ver o seu
brilho nos olhos do ser amado.
Ser delicado, é sentir a ternura e
o sentido de amar...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Pérolas do ENEM (nova safra 2004):

Os comentários também são divertidos, pelo menos alguns...

1) - Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio.
(Já imaginou?)

2) - A harpa é uma asa que toca.
(Imagine a definição para Trombone de Vara...)

3) - O vento é uma imensa quantidade de ar.
(Não tinha pensado nisso...)

4) - O terremoto é um pequeno movimento de terras não cultivadas.
(Só faltou completar que esse movimento é um braço armado do MST!)

5) - Os egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor.
(Nada mais justo. Não dá para viver a eternidade desconfortavelmente...)

6) - Péricles foi o principal ditador da democracia grega.
(Isso. E Stalin foi o principal seguidor de Mahatma Ghandi... )

7) - O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades.
(deve ter raciocinado com abundância e não com o cérebro...)

8) - O petróleo apareceu há muitos séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro d'água.
(Sim, por isto o Petróleo é preto. Está de luto...)

9) - A principal função da raiz é se enterrar.
(Profunda!!! )

10) - A igreja, ultimamente, vem perdendo muita clientela.
(Podemos concluir que a culpa é do Papa, que seria o VP de Marteking! E a Companhia de Jesus, seria a mais antiga das SA's)

11) - O sol nos dá luz, calor e turistas.
(Esse com certeza é cearense ou baiano. )

12) - As aves tem na boca um dente chamado bico.
(É para ficar de queixo caído! Ou melhor, de porta bicos caído...)

13) - A unidade de força é o Newton, que significa a força que se tem que realizar em um metro da unidade de tempo, no sentido contrário.
(Simples, não???)

14) - Lenda é toda narração em prosa de um tema confuso.
(Assim, todo discurso de político é uma Lenda. )

15) - O nervo ótico transmite idéias luminosas ao cérebro.
(Se o cara é vesgo, o nervo dele deve transmitir idéias tortas e sombreadas...)

16) - A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo.
(Se Marco Polo tivesse viajado para a África, teria sido a peste negra, então..)

17) - Os ruminantes se distinguem dos outros animais porque o que comem, comem por duas vezes.
(Impressionante!!!.)

18) - O coração é o único órgão que não deixa de funcionar 24 horas por dia.
(Ufa... que alívio! Já o cérebro?!)

19) - Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado.
(Superou qualquer expectativa...)

20) - A insônia consiste em dormir ao contrário. (Perfeito. Morrer deve ser viver ao contrário...) 21) - A arquitetura gótica se notabilizou por fazer edifícios verticais.
(Melhor pular essa.... )

22) - A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país.
(É... E ainda faltam muitas para comentar.... )

23) - O Chile é um país muito alto e magro.
(Coitada da Espanha...)

24) - As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia.
(Essa deve ser a mais "marcante" de todas. )

25) - O batismo é uma espécie de detergente do pecado original.
(Já a confissão poderia ser o sabonete, para uso diário... )

26) - Na Grécia a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo se envenenavam.
(Pensando bem, não é má idéia...)

27) - A prosopopéia é o começo de uma epopéia.
(E a centopéia???)

28) - Os crustáceos fora d'água respiram como podem.
(Coragem, faltam poucas.)

29) - As plantas se distinguem dos animais por só respirarem a noite.
(Que perspicácia! )

30) - Os hermafroditas humanos nascem unidos pelo corpo.
(Já pensou se a pergunta fosse "o que são xifópagos"???)

31) - As glândulas salivares só trabalham quando a gente tem vontade de cuspir.
(Bem, já chegamos até aqui.... )

32) - A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos.
(CEGOS DESSE MUNDÃO... TENHAM FÉ!!!)

33) - Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia.
(O que que é isso???!!!!!)

34) - O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas.
(maravilhaaaa....)

35) - A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva.
(Faz sentido...)

36) - O Ateísmo é uma religião anônima.
(Não lhe perguntem sobre o Politeísmo, pelo amor de Deus!)

37) - A respiração anaeróbica é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos.
(Ai, Jesus...)

38) - O calor é a quantidade de calorias armazenadas numa unidade de tempo.
(Fala sério... Não dá uma sensação de vazio, de impotência?...)

39) - Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.
(Graças a Deus, só falta uma..... )

40) - Caracter sexual secundário são as modificações morfológicas sofridas por um indivíduo após manter relações sexuais.
(Imagina a aparência de uma prostituta depois de 15 a 20 anos de "Modificações morfológicas")

VOCÊ SABE QUE ESTÁ VIVENDO EM 2007 QUANDO...

VOCÊ SABE QUE ESTÁ VIVENDO EM 2007 QUANDO...

1. Você acidentalmente tecla sua senha no microondas.

2. Há anos não joga paciência com cartas de papel.

3. Você tem uma lista de 10 números de telefone para falar com sua família
de 3 pessoas.

4. Você envia e-mail ou msn para conversar com a pessoa que trabalha na mesa ao lado da sua.

5. A razão porque você não fala há muito tempo com alguns de sua família é desconhecer seus endereços eletrônicos.

6. Você usa o celular na garagem de casa para pedir a alguém que o ajude a desembarcar as compras.

7. Todo comercial de TV tem um site indicado na parte inferior da tela.

8. Esquecendo seu celular em casa, coisa que você não tinha há 20 anos, você fica apavorado e volta buscá-lo.

10. Você levanta pela manhã e quase que liga o computador antes de tomar o café.

11. Você conhece o significado de naum, tbm, qdo, xau, msm, dps ...

12. Você não sabe o preço de um envelope comum;

13. Para você ser organizado significa, ter vários bloquinhos uma agenda eletrônica ou coisas do tipo;

14. A maioria das piadas que você conhece, você recebeu por e-mail (e ainda por cima ri sozinho...);

15. Você fala o nome da firma onde trabalha quando atende ao telefone em sua própria casa (ou até mesmo o celular!!);

16. Você digita o '0' para telefonar de sua casa;

17. Você vai ao trabalho quando o dia ainda está clareando com preguiça, volta para casa quando já escureceu de novo;

18. Quando seu computador pára de funcionar, parece que foi seu coração que parou,

19. Você está lendo esta lista e está concordando com a cabeça e sorrindo.

21. Você está concordando tão interessado na leitura que nem reparou que a lista não tem o número 9.

21. Você retornou a lista para verificar se é verdade que falta o número 9 e nem viu que tem dois números 21.

22. E AGORA VOCÊ ESTÁ RINDO CONSIGO MESMO...

23. Você já está pensando para quem você vai enviar esta mensagem ..

24. Provavelmente agora você vai clicar no botão 'Encaminhar'... é a
vida...fazer o quê... foi o que eu fiz também... Feliz modernidade.

A FELICIDADE EXIGE VALENTIA...

FERNANDO PESSOA

« Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,

mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo,

e posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os

desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor

da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um

óasis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um " não ".

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho ??

Guardo todas, um dia construirei um castelo

A Pipa e a Flor

As pipas são engraçadas, foram feitas para voar, no entanto para isso precisam estar presas numa linha e a outra ponta da linha precisa estar segura por alguém.
Poderíamos pensar que, cortando a linha, a pipa pudesse voar mais alto, mas não é assim que acontece.

Se a linha for cortada, a pipa começa a cair.

Certa vez um menino confeccionou uma pipa. Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso. Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente. A pipa também se sentia feliz e, lá do alto, observava a paisagem e se divertia com as outras pipas que também voavam.

Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado.

Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar.

Quanta felicidade ocorreu depois!

A flor segurava a linha, a pipa voava.

Na sua volta, a pipa contava para flor tudo o que vira.

Com o tempo a flor começou a ficar com inveja e ciúme da pipa.

A flor, por causa desses dois sentimentos, começou a pensar:

“Se a pipa me amasse mesmo, não ficaria tão feliz longe de mim”.

Passado algum tempo, quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com quem a pipa estivera se divertindo.

A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa só podia mesmo sobrevoar a flor.


Cansada da atitude da flor, a pipa resolveu romper a linha e procurar uma mão menos egoísta.


A inveja e o ciúme

jamais conseguirão

segurar alguém.

Autor: Rubem Alves

PIADAS

Briga de casal...



O marido e a mulher não se falavam há uns três dias...

Entretanto, o homem se lembrou que no dia seguinte teria uma reunião muito cedo no escritório.

Como precisava levantar cedo, resolveu pedir à mulher para acordá-lo.

Mas para não dar o braço a torcer, escreveu num papel:

"Me acorde às 6 horas da manhã".

No outro dia, ele levantou e quando olhou no relógio eram 9h30.

O homem teve um ataque e pensou:

"Que meeeerdaaa! Mas que absurdo! Que falta de consideração, ela não me acordou..."

Nisto, olhou para a mesa de cabeceira e reparou num papel no qual estava escrito:

"... São seis horas, levanta!!!"


Moral da História:


Não fique sem falar com as mulheres, elas ganham sempre, estão certas
sempre e são simplesmente geniais na vingança!!!!!!




"O casamento é a relação entre duas pessoas, onde uma está sempre certa e a outra, é o marido".










DEZ HOMENS E UMA MULHER






Onze pessoas estavam penduradas em uma corda num helicóptero. Eram dez homens e uma mulher.


Como a corda não era forte o suficiente para segurar todos, decidiram que um deles teria que se soltar da corda.


Eles não conseguiram decidir quem, até que, finalmente, a mulher disse que se soltaria da corda, pois as mulheres estão acostumadas a largar tudo pelos seus filhos e marido, dando tudo aos homens e recebendo nada de volta e que os homens, como a criatura primeira do mundo, mereceriam sobreviver, pois eram também mais fortes mais sábios e capazes de grandes façanhas...


Quando ela terminou de falar, todos os homens começaram a bater palmas... E caíram da corda...


Moral da história => Nunca subestime o poder e a inteligência de uma mulher!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Aprenda a ler em público

Muitas pessoas acham que ler em público é simples, já que basta transmitir o texto que está pronto no papel. Posso garantir, entretanto, que a leitura se constitui na técnica mais difícil e complexa para o orador comunicar uma mensagem.

Ao longo dos últimos 30 anos, tenho treinado pessoas das mais diferentes atividades para falar com desembaraço e confiança diante da platéia. Essa experiência me permitiu constatar que é muito raro encontrar alguém que saiba ler em público de maneira correta e eficiente.

A maioria não se dá conta de como deverá se dedicar para ter o domínio total da técnica da leitura. A não ser que você já tenha alguma experiência, precisará de pelo menos cinco horas de exercícios para desenvolver uma leitura de boa qualidade.

Ao pesquisar os motivos que levam as pessoas a ter tanta dificuldade com essa técnica de comunicação, entre as causas mais relevantes pude observar duas que se destacam:

A primeira é que a maioria teve poucas chances de ler em público. Se você pensar bem, vai concluir que falamos de improviso desde o primeiro ano de vida. Entretanto, as chances de ler em voz alta diante de um grupo de ouvintes são bem mais reduzidas. Alguns passam a vida toda sem nenhuma oportunidade de ler em público

A outra causa é que além de, normalmente, as pessoas não terem experiência suficiente para ler em público, quando precisam recorrer a esse recurso de comunicação se apresentam sem critérios técnicos adequados.

Embora a técnica seja complexa e exija treinamento, as orientações que você deve seguir para aprender a ler bem em público são bastante simples.

Cuidado - comece agora mesmo a se aprimorar na leitura em público. Se você esperar o momento em que tenha necessidade de ler, talvez a circunstância impeça que se prepare de forma conveniente.

Observe quais os pontos mais importantes para tornar a leitura em público eficiente:

Mantenha contato visual com os ouvintes
Tenha em mente que a mensagem deve ser transmitida para os ouvintes. Por isso, não fique olhando para o texto o tempo todo, como se estivesse conversando com o papel. Durante as pausas prolongadas e nos finais de frases, olhe para os ouvintes e demonstre com essa atitude que as informações estão sendo transmitidas para eles.

Cuidado também para não olhar sempre para as mesmas pessoas. Distribua a comunicação visual olhando ora para um lado, ora para outro. Assim, todos se sentirão incluídos no ambiente.

Uma boa dica para você não se perder, enquanto olha para os ouvintes, é marcar a linha de leitura com o dedo polegar, pois ao voltar para o texto saberá exatamente onde parou.

Outro defeito que aparece com freqüência é o de tirar os olhos do texto, mas em vez de olhar para os ouvintes o orador olha para o teto, revirando os olhos como se estivesse em transe.

Mantenha o papel na altura correta
Se você deixar o papel muito baixo, terá dificuldade para enxergar o texto. Se, entretanto, deixar muito alto, esconderá seu rosto da platéia. Por isso, procure deixar a folha na parte superior do peito, para ler com mais facilidade e não se esconder do público.

Considere também que, se o papel estiver muito baixo, você terá que abaixar muito a cabeça para ler e levará muito tempo para retornar, olhar e ver as pessoas. Deixando a folha na parte superior do peito, bastará levantar um pouco a cabeça para tirar os olhos do texto e já estará mantendo a comunicação visual com os ouvintes.

Falando em não abaixar a cabeça, ao digitar o texto procure usar apenas os dois terços superiores da página, deixando o terço inferior em branco. Esse cuidado permitirá um contato visual mais tranqüilo e suave, já que para ver as pessoas bastará apenas levantar os olhos, sem movimentar muito a cabeça.

Faça poucos gestos
Se a gesticulação na fala de improviso, sem papel nas mãos, deve ser moderada, na leitura, essa moderação dos gestos deve ser ainda maior.

Exceto nos casos em que a mensagem exigir expressão corporal mais ativa, como nas circunstâncias de grande emoção, ao ler uma página, de maneira geral, você poderá se limitar a meia dúzia de gestos.

É melhor que você faça poucos gestos, que destaquem as informações mais relevantes com convicção e firmeza, do que demonstrar hesitação e insegurança soltando repetidamente a mão do papel e retornando depressa, como se estivesse arrependido de ter feito aquele gesto.

Como a falta dos gestos não trará tanto prejuízo ao resultado da apresentação, se você for muito inexperiente e encontrar dificuldade para gesticular, será melhor que não gesticule. Fique o tempo todo segurando a folha com as duas mãos.

Aqui você poderia perguntar: mas, Polito, se a falta do gesto não prejudica tanto o resultado da leitura, por que gesticular? A falta do gesto não prejudica a apresentação a ponto de comprometer o objetivo da mensagem, mas é evidente que gestos harmoniosos, coerentes e expressivos serão importantes para tornar a leitura ainda mais eficiente.

Em outras palavras. A gesticulação na leitura é boa. Mas, enquanto você não souber gesticular, é melhor não correr riscos.

Faça marcações
Pequenas marcações no texto podem facilitar a interpretação da mensagem. Use, por exemplo, traços verticais antes das palavras para indicar o momento de fazer pausas mais expressivas, e traços horizontais embaixo das palavras que mereçam maior destaque.

Observe que essas marcações não coincidirão necessariamente com a pontuação gramatical. Por exemplo, nessa frase que você acabou de ler, se você fizesse uma pausa depois da palavra "marcações", poderia dar mais expressividade à leitura.

E se você tremer?
Até oradores muito experientes chegam a temer quando precisam ler diante do público. Se você também costuma sentir tremores nas mãos, uma boa saída é usar folhas de gramatura mais encorpada. Somente pelo fato de saber que, com as folhas mais grossas os pequenos tremores não serão percebidos, você irá se comportar com mais tranqüilidade e, provavelmente, não tremerá.

Não se canse de treinar
Você não pode ter preguiça para treinar. Para exercitar, selecione textos de jornais ou de revistas, faça marcações para ajudar na interpretação e treine com auxílio de uma câmera de vídeo - na falta desse equipamento, faça os exercícios na frente de um espelho. Dê atenção especial às pausas expressivas, à comunicação visual e aos gestos.

Um texto para ser bem lido e interpretado necessita de pelo menos quinze ensaios, pois somente aí é que conseguirá soltar-se do papel com tranqüilidade e se comunicar de forma eficiente com os ouvintes. Não se esqueça, entretanto, de que para você ter domínio total da técnica precisará daquelas cinco horas que comentei no início.

Cuidado também para não ensaiar muito a ponto de decorar a mensagem e se esquecer de olhar para o papel. Se este fato ocorrer, diante da platéia, pelo menos finja que está lendo.

Situações em que a leitura é recomendável
A leitura deve ser reservada para circunstâncias especiais como:

Pronunciamentos oficiais

Textos muito técnicos que não possam conter erros

Discursos de posse de presidentes de entidades, pois esse é o momento em que apresentam as bases da sua administração e não devem, portanto, improvisar

Discursos de despedida de presidentes de entidades, pois ao deixar o cargo, de maneira geral, fazem um levantamento das suas realizações

Agradecimentos de homenagens feitas a grupos, especialmente quando a mensagem representar a filosofia das pessoas, ou o discurso tiver de ser distribuído para a imprensa

Discursos de oradores de turma, pois nesse momento estão representando a vontade de todos os colegas formandos

Além dessas situações e de uma ou outra que poderia ser acrescentada, a leitura deveria ser substituída por outros recursos, que tratarei nesta coluna em outra oportunidade.

SUPERDICAS DA SEMANA
Para facilitar a identificação de cifras, misture números com palavras. Por exemplo, fica mais fácil ler 38 milhões, do que 38.000.000, ou trinta e oito milhões

Encerre sempre a página com ponto final. Frases incompletas no final da página o obrigarão a se apressar na busca do complemento da informação na página seguinte

Numere as folhas com números bem visíveis para não se perder

Deixe as folhas soltas, sem clipes ou grampos

Use um corpo de letra de acordo com sua capacidade de enxergar, mesmo que para isso seja obrigado a usar muitas folhas

A tipologia minúscula de letras possui desenhos mais fáceis de ler do que a maiúscula. Por isso, use corpo de letra grande com tipologia minúscula

→ Livro de minha autoria que trata desse tema: "Como Falar de Improviso e Outras Técnicas de Apresentação", publicado pela Editora Saraiva

Reinaldo Politoé mestre em ciências da comunicação, palestrante e professor de expressão verbal. Escreveu 15 livros que venderam mais de 1 milhão de exemplares

Site: www.polito.com.br
e-mail: polito@reinaldopolito.com.br

sábado, 1 de setembro de 2007

SITE P/ DOWLOUNDS LIVROS

http://www.4shared.com/network/search.jsp

UMA FLOR RARA

Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um
marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego
que lhe pagava muitíssimo bem, uma família unida.
O estranho é que ela não conseguia conciliar tudo
isso, o trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo
o tempo e a sua vida estava deficitária em
algumas áreas.
Se o trabalho lhe consumia muito tempo, ela tirava
dos filhos,se surgiam problemas, ela deixava de lado
o marido... E assim, as pessoas que ela amava eram
sempre deixadas para depois.
Até que um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe
deu um presente: uma flor muito cara e raríssima,
da qual havia um apenas exemplar em todo o mundo.
E disse à ela: - Filha, esta flor vai te ajudar muito
mais do que você imagina! Você terá apenas que
regá-la e podá-la de vez em quando, ás vezes
conversar um pouquinho com ela, e ela te dará em
troca esse perfume maravilhoso e essas lindas flores.
A jovem ficou muito emocionada, afinal a flor era
de uma beleza sem igual.
Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o
trabalho consumia todo o seu tempo, e a sua vida,
que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor.
Ela chegava em casa,olhava a flor e as flores ainda
estavam, lá, não mostravam sinal de fraqueza
ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas.
Então ela passava direto. Até que um dia, sem mais
nem menos, a flor morreu.
Ela chegou em casa e levou um susto!
Estava completamente morta, suas raízes estavam
ressecadas, suas flores caídas e suas folhas amarelas.
A jovem chorou muito, e contou a seu pai o
que havia acontecido. Seu pai então respondeu: - Eu
já imaginava que isso aconteceria, e eu não posso te
dar outra flor,porque não existe outra igual a essa,
ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua
família. Todos são bênçãos que o Senhor te deu, mas
você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar
atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos
também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre
lá, sempre florida, sempre perfumada, e se esqueceu
de cuidar dela. Cuide das pessoas que você ama!

E você? Tem cuidado das bênçãos que Deus tem lhe
dado? Lembre-se da flor, pois como ela são as bênçãos
do Senhor: Ele nos dá, mas nós é que temos que cuidar delas.

Autor: Professor João Pedro da UNICAMP

Para se escrever bem...

01. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

02. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado.Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

03. Anule aliterações altamente abusivas.

04. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.

05. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

06. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

07. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

08. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??...então valeu!

09. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.

10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem ideias próprias".

13. Frases incompletas podem causar.

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação.

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!

25. Evite frases exageradamente longas pois dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não

28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto,tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.

29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo! ..nada de mandar esse trem...vixi..entendeu bichinho?

30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem Parar.

A diferença entre um Professor e um Educador

· Um Professor professa suas idéias.

· Um Educador as divide com outros educandos.

· Um Professor ensina.

· Um Educador problematiza e provoca o conhecimento.

· Um Professor dá as respostas certas.

· Um Educador interage o seu saber com outro saberes.

· Um Professor informa o seu conhecimento.

· Um Educador dialoga o conhecimento.

· Um Professor é pragmático.

· Um Educador é democrático.

· Um Professor resolve problemas difíceis.

· Um Educador aceita outras possibilidades de soluções.

· Um Professor sabe disciplinar.

· Um Educador provoca reflexões.

· Um Professor dá educação.

· Um Educador acredita na educação para construção de um novo mundo.



Parabéns educadores pela ousadia e persistência de desbravar novos caminhos para a educação.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

P/ 2os ANOS- APOSTILA BARROCO

APOSTILA SOBRE BARROCO

O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido desde meados do século XVI até ao século XVIII. Foi inspirado no fervor religioso e na passionalidade da Contra-reforma. Didaticamente falando, o Período Barroco, vai de 1580 a 1756.
O termo Barroco advém da palavra portuguesa homónima que significa "pérola imperfeita", ou por extensão jóia falsa. A palavra foi rapidamente introduzida nas línguas francesa e italiana.

BARROCO- traz idéia de oposição, contraste de idéias, antíteses, paradoxos.

OS OPOSTOS MAIS COMUNS NO BARROCO: matéria x espírito; bem x mal; amor x ódio; pecado x pureza; razão x religiosidade; teocentrismo (deus como centro social) x antropocentrismo (homen como centro das idéias); paganismo x fé; leveza x exagero; pecado x divindade (virginal); carne x alma; dentre outros opostos de idéias.

FATOS HISTÓRICOS MAIS IMPORTANTES NO PERÍODO BARROCO:

- Fim do ciclo das grandes navegações portuguesas, ampliando novos países na busca de novas colônias (Espanha, Itália, Inglaterra, Holanda, França, etc).
- Reforma Protestante, por Calvino e Martinho Lutero que não concordavam com a cobrança de indulgências (tributos da Igreja Católica), e também aprovavam a ascensão da classe burguesa e o capitalismo.
- Contra-Reforma, iniciada pela Igreja Católica (principalmente na Espanha e Portugal), conjunto de medidas para não perder a força da Igreja, e com conseqüência as Missões Jesuítas.
- Período do ciclo do açúcar no Brasil, principalmente no litoral nordestino, classe econômica baseada na casa-grande, senzala, alguns vilarejos, poucas cidades grandes. As maiores no Nordeste: Salvador (capital do Brasil na época); Recife e Olinda.

O período barroco

O ano de 1580 é significativo, marcado pela morte de Camões (e com ela, a decadência do movimento clássico), e pelo fim da autonomia política de Portugal, com o desaparecimento do rei D. Sebastião, na África, sendo que o seu sucessor foi Felipe II de Espanha, que anexou o reino português a seus domínios.
O capitólio político passou a ser Madrid, tendo Portugal perdido, além do seu foco político, o seu foco cultural. No século que se seguiu (século XVII), a influência predominante passou a ser a espanhola que se tornou marcante na cultura portuguesa e durante este mesmo período, brotam aos olhos da Espanha uma riquíssima geração de escritores, como Gôngora, Quevedo, Cervantes, Lopes de Vega e Calderón além de muitos outros.
Em 1640, Portugal inicia sua empreitada na reconquista de sua posição no cenário europeu, libertando-se do domínio espanhol, após D. João IV, da dinastia de Bragança, subir ao trono. Até 1668, muitas lutas correram, contra a Espanha, na defesa da independência e contra os holandeses, em busca de recuperar as colônias da África Ocidental e parte do Brasil.
Este foi um período de intensa agitação social, com esforços permanentes em busca do restabelecimento da vida econômica, política e cultural. Publicaram-se várias obras panfletárias clandestinas, que denotavam posição contrária a corrupção do Estado e a exploração do povo. A mais famosa e significativa é a Arte de Furtar, cuja autoria está atribuída desde 1941 ao Padre Manuel da Costa e é hoje praticamente incontestada (vide a indispensável edição crítica da obra por Roger Bismut, Imprensa Nacional, 1991).
Marquês de Pombal, ministro do rei D.José, subiu ao poder em 1750, com propostas renovadoras, que inauguraram uma nova fase na história cultural portuguesa. Em 1756, a Arcádia Lusitana demarcou o início de novas concepções literárias.
No Brasil, o período foi marcado por novas diretrizes na política de colonização, e estabeleceram-se engenhos de cana-de-açúcar na Bahia. Salvador, como capital do Brasil, transformou-se em um núcleo populacional importante, e como consequência, um centro cultural que, mesmo timidamente, fez surgir grandes figuras, como Gregório de Matos. O Barroco Brasileiro teve início em 1601, tendo como obra significativa, Prosopopéia, de Bento Teixeira, terminando com as obras de Cláudio Manuel da Costa, em 1768 , uma introdução ao Neoclassicismo .
Arte barroca
Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo de sua história, seu surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cênico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.
O Barroco é o estilo da Reforma católica também denominada de Contra-Reforma. Arquitetura, escultura, pintura, todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde ele floresceu: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.
O catolicismo barroco também impregnou a literatura, e uma das suas manifestações mais importantes e impressionantes foram os "autos sacramentais", peças teatrais de argumento teológico, reflexo do espírito espanhol do século XVII, e que eram muito apreciados pelo grande público, o que denota o elevado grau de instrução religiosa do povo.
Contrariamente à arte do Renascimento, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas.
Além da temática religiosa, os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) também eram freqüentes.
De certa maneira, assistimos a uma retomada do espírito religioso e místico da Idade Média, numa espécie de ressurgimento da visão teocêntrica do mundo. E não é por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a capital do catolicismo.
A escola literária barroca é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, entre outras constantes.
Contudo, não há como colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A sua grande diferença do período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem seu valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.
O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista vê uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvenda-las em suas representações.

Barroco Mineiro

Incentivado pela descoberta do ouro, estende-se por todo o país o gosto pelo barroco. Enquanto a Europa começava a desenvolver o Neoclassicismo, no século XVIII a arte colonial mineira não absorvia as mudanças e mantinha um barroco tardio e, por sua defasagem com o resto do mundo, tinha suas características singulares.
Minas Gerais, sendo um estado do Interior do Brasil, sofria as dificuldades de importação de materiais e técnicas construtivas. Estas características deram ao barroco mineiro um caráter peculiar e possibilitaram a criação de uma arte diferenciada, regionalista.
As características culturais e urbanas do povo mineiro, organizado em vilas, crendo em diversos santos, possibilitaram uma forma de expressão única, mesclada, muito mais do que somente pelo gosto artistico, com o estilo de vida, tornando estreito o relacionamento da arte com a fé e com a população, por meio da vivência e da visualização destes aspectos.
Muitos artistas trabalharam com as condições materiais da região, adaptando a arte ao modo de vida. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde simbolizam claramente esta arte adaptada ao ambiente de um país tropical, ligando sua arte aos recursos e valores regionais. Ao trabalhar na Igreja de São Francisco de Assis, Aleijadinho substitui o mármore europeu pela pedra-sabão, Ataíde se baseia no "azulejo português" para criar suas pinturas. Absorvendo estes aspectos, o barroco desenvolvido em Minas Gerais ganha expressão particular no contexto brasileiro, firmando-se como um barroco peculiar, chamado de Barroco Mineiro.
Um exemplo clássico, que pode ser usado no estudo do Barroco Mineiro, são as igrejas mineiras construidas neste período que vai de 1710 a 1760.

GREGÓRIO DE MATOS

Nascido numa família de proprietários rurais, empreiteiros de obras e funcionários administrativos (seu pai era natural de Guimarães, Portugal). De facto, a nacionalidade de Gregório de Matos é portuguesa, na medida em que o Brasil só se tornou independente no século XIX.
Em 1642 estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1661. Em 1663 é nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.
Em 27 de Janeiro de 1668 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de procurador. A 20 de Janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de procurador.
Em 1679 é nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II nomeia-o em 1682 tesoureiro-mor da Sé, um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.


Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório
O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.
Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais bahianas (a que chamará "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmo pornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.
Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.
Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao tribunal da Inquisição (acusa-o, por exemplo, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão). A acusação não tem seguimento.
Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho), e correndo o risco de ser assassinado é deportado para Angola.
Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída em Angola.
Alcunha
A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a cidade da Bahia, como nesse poema:
A cada canto um grande conselheiro.
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.
Em 1850, o historiador Francisco Adolfo Varnhagen publicou 39 dos seus poemas na colectânea Florilégio da Poesia Brasileira (em Lisboa).
Afrânio Peixoto editou a restante obra, de 1923 a 1933, em seis volumes a cargo da Academia Brasileira de Letras, excepto a parte pornográfica que aparecerá publicada, por fim, em 1968, por James Amado.
A sua obra tinha um cunho bastante satírico e moderno para a época, além de chocar pelo teor erótico, de alguns de seus versos.
Entre seus grandes poemas está o "A cada canto um grande conselheiro", onde critica os governantes da "cidade da Bahia" de sua época. Esta crítica é, no entanto, intemporal e universal - os "grandes conselheiros" não são mais que os indivíduos (políticos ou não) que "nos quer(em) governar cabana e vinha, não sabem governar sua cozinha, mas podem governar o mundo inteiro". A figura do "grande conselheiro" é a figura do hipócrita que aponta os pecados dos outros, sem olhar aos seus. Em resumo, é aquele que aconselha mas não segue os seus preceitos.

Descrevo que era Realmente Naquele Tempo a Cidade da Bahia
A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.
Epigrama
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.
Quais são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.
Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal,
Pretos, mestiços, mulatos.
Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.
Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.
Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.
Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha
Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.
E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.
O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA E OUTROS TEXTOS

TEXTOS COMPLEMENTARES SOBRE LITERATURA DE INFORMAÇÃO P/ 2o ANOS

A Carta, de Pero Vaz de Caminha

Edição de base:
Carta a El Rei D. Manuel, Dominus : São Paulo, 1963.

Senhor,

posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!
Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.

Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza -- porque o não saberei fazer -- e os

pilotos devem ter este cuidado.

E portanto, Senhor, do que hei de falar começo:

E digo quê:

A partida de Belém foi -- como Vossa Alteza sabe, segunda-feira 9 de março. E sábado, 14 do dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grande Canária. E ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, a saber da ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.

Na noite seguinte à segunda-feira amanheceu, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser !

Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... não apareceu mais !

E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha -- segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos.

Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças. E ao sol-posto umas seis léguas da terra, lançamos ancoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali ficamo-nos toda aquela noite. E quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra, indo os navios pequenos diante -- por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, doze, nove braças -- até meia légua da terra, onde todos lançamos ancoras, em frente da boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos.

E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro.

Então lançamos fora os batéis e esquifes. E logo vieram todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor. E ali falaram.

E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que, quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte.

Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.

À noite seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus. E especialmente a Capitaina. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar ancoras e fazer vela. E fomos de longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados na popa, em direção norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nós ficássemos, para tomar água e lenha. Não por nos já minguar, mas por nos prevenirmos aqui. E quando fizemos vela estariam já na praia assentados perto do rio obra de sessenta ou setenta homens que se haviam juntado ali aos poucos. Fomos ao longo, e mandou o Capitão aos navios pequenos que fossem mais chegados à terra e, se achassem pouso seguro para as naus, que amainassem.

E velejando nós pela costa, na distância de dez léguas do sítio onde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e amainaram. E as naus foram-se chegando, atrás deles. E um pouco antes de sol-pôsto amainaram também, talvez a uma légua do recife, e ancoraram a onze braças.

E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa.

A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de

dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no aliencaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.

Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerra da, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.

O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a

fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!

Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.

Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.

Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.

Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.

Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.

Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora.

Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.

Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas.

O Capitão mandou pôr por baixo da cabeça de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e adormeceram.

Sábado pela manhã mandou o Capitão fazer vela, fomos demandar a entrada, a qual era mui larga e tinha seis a sete braças de fundo. E entraram todas as naus dentro, e ancoraram em cinco ou seis braças -- ancoradouro que é tão grande e tão formoso de dentro, e tão seguro que podem ficar nele mais de duzentos navios e naus. E tanto que as naus foram distribuídas e ancoradas, vieram os capitães todos a esta nau do Capitão-mor. E daqui mandou o Capitão que Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias fossem em terra e levassem aqueles dois homens, e os deixassem ir com seu arco e setas, aos quais mandou dar a cada um uma camisa nova e uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que foram levando nos braços, e um cascavel e uma campainha. E mandou com eles, para lá ficar, um mancebo degredado, criado de dom João

Telo, de nome Afonso Ribeiro, para lá andar com eles e saber de seu viver e maneiras. E a mim mandou que fosse com Nicolau Coelho. Fomos assim de frecha direitos à praia. Ali acudiram logo perto de duzentos homens, todos nus, com arcos e setas nas mãos. Aqueles que nós levamos acenaram-lhes que se afastassem e depusessem os arcos. E eles os depuseram.

Mas não se afastaram muito. E mal tinham pousado seus arcos quando saíram os que nós levávamos, e o mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes corriam a quem mais correria. E passaram um rio que aí corre, de água doce, de muita água que lhes dava pela braga. E muitos outros com eles. E foram assim correndo para além do rio entre umas moitas de palmeiras onde estavam outros. E ali pararam. E naquilo tinha ido o degredado com um homem que, logo ao sair do batel, o agasalhou e levou até lá. Mas logo o tornaram a nós. E com ele vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças.

E então se começaram de chegar muitos; e entravam pela beira do mar para os batéis, até que mais não podiam. E traziam cabaças d'água, e tomavam alguns barris que nós levávamos e enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis. Não que eles de todo chegassem a bordo do batel. Mas junto a ele, lançavam-nos da mão. E nós tomávamo-los. E pediam que lhes dessem alguma coisa.

Levava Nicolau Coelho cascavéis e manilhas. E a uns dava um cascavel, e a outros uma manilha, de maneira que com aquela encarna quase que nos queriam dar a mão. Davam-nos daqueles arcos e setas em troca de sombreiros e carapuças de linho, e de qualquer coisa que a gente lhes queria dar.

Dali se partiram os outros, dois mancebos, que não os vimos mais. Dos que ali andavam, muitos -- quase a maior parte --traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que andavam sem eles, traziam os beiços furados e nos buracos traziam uns espelhos de pau, que pareciam

espelhos de borracha. E alguns deles traziam três daqueles bicos, a saber um no meio, e os dois nos cabos.

E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados d'escaques.

Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam.

Ali por então não houve mais fala ou entendimento com eles, por a barbana deles ser tamanha que se não entendia nem ouvia ninguém. Acenamos-lhes que se fossem. E assim o fizeram e passaram-se para além do rio. E saíram três ou quatro homens nossos dos batéis, e encheram não sei quantos barris d'água que nós levávamos. E tornamo-nos às naus. E quando assim

vínhamos, acenaram-nos que voltássemos. Voltamos, e eles mandaram o degredado e não quiseram que ficasse lá com eles, o qual levava uma bacia pequena e duas ou três carapuças vermelhas para lá as dar ao senhor, se o lá houvesse. Não trataram de lhe tirar coisa alguma, antes mandaram-no com tudo. Mas então Bartolomeu Dias o fez outra vez tornar, que lhe

desse aquilo. E ele tornou e deu aquilo, em vista de nós, a aquele que o da primeira agasalhara. E então veio-se, e nós levamo-lo.

Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por galanteria, cheio de penas, pegadas pelo corpo, que parecia seteado como São Sebastião. Outros traziam carapuças de penas amarelas; e outros, de vermelhas; e outros de verdes. E uma daquelas moças era toda tingida de baixo a cima, daquela tintura e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela.

Nenhum deles era fanado, mas todos assim como nós. E com isto nos tornamos, e eles foram-se.

À tarde saiu o Capitão-mor em seu batel com todos nós outros capitães das naus em seus batéis a folgar pela baía, perto da praia. Mas ninguém saiu em terra, por o Capitão o não querer, apesar de ninguém estar nela. Apenas saiu -- ele com todos nós -- em um ilhéu grande que está na baía, o qual, aquando baixamar, fica mui vazio. Com tudo está de todas as partes cercado de água, de sorte que ninguém lá pode ir, a não ser de barco ou a nado. Ali folgou ele, e todos nós, bem uma hora e meia. E pescaram lá, andando alguns marinheiros com um chinchorro; e mataram peixe miúdo, não muito. E depois volvemo-nos às naus, já bem noite.

Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa,

segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. Ali estava com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saíra de Belém, a qual esteve sempre bem alta, da parte do
Evangelho. Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação, da história evangélica; e no fim tratou da nossa vida, e do achamento desta terra, referindo-se à Cruz, sob cuja obediência viemos, que veio muito a propósito, e fez muita devoção.

Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos, como a de ontem, com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos a pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço. E alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que lá tinham -- as quais não são feitas como as que eu vi; apenas são três traves, atadas juntas. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, só até onde podiam tomar pé.

Acabada a pregação encaminhou-se o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa bandeira alta. Embarcamos e fomos indo todos em direção à terra para passarmos ao longo por onde eles estavam, indo na dianteira, por ordem do Capitão, Bartolomeu Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para o entregar a eles. E nós todos trás dele, a distância de um tiro de pedra.

Como viram o esquife de Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais podiam.

Acenaram-lhes que pousassem os arcos e muitos deles os iam logo pôr em terra; e outros não os punham.

Andava lá um que falava muito aos outros, que se afastassem. Mas não já que a mim me parecesse que lhe tinham respeito ou medo. Este que os assim andava afastando trazia seu arco e setas. Estava tinto de tintura vermelha pelos peitos e costas e pelos quadris, coxas e pernas até baixo, mas os vazios com a barriga e estômago eram de sua própria cor. E a tintura era tão

vermelha que a água lha não comia nem desfazia. Antes, quando saía da água, era mais vermelho. Saiu um homem do esquife de Bartolomeu Dias e andava no meio deles, sem implicarem nada com ele, e muito menos ainda pensavam em fazer-lhe mal.

Apenas lhe davam cabaças d'água; e acenavam aos do esquife que saíssem em terra. Com isto se volveu Bartolomeu Dias ao Capitão. E viemo-nos às naus, a comer, tangendo trombetas e gaitas, sem os mais constranger. E eles tornaram-se a sentar na praia, e assim por então ficaram.

Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e sermão, espraia muito a água e descobre muita areia e muito cascalho. Enquanto lá estávamos foram alguns buscar marisco e não no acharam. Mas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais vinha um muito grande e muito grosso; que em nenhum tempo o vi tamanho. Também acharam cascas de berbigões e de amêijoas, mas não toparam com nenhuma peça inteira. E depois de termos comido vieram logo todos os capitães a esta nau, por ordem do Capitão-mor, com os quais ele se aportou; e eu na companhia. E perguntou a todos se nos parecia bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos, para a melhor mandar descobrir e saber dela mais do que nós podíamos saber, por irmos na nossa viagem.

E entre muitas falas que sobre o caso se fizeram foi dito, por todos ou a maior parte, que seria muito bem. E nisto concordaram. E logo que a resolução foi tomada, perguntou mais, se seria bem tomar aqui por força um par destes homens para os mandar a Vossa Alteza, deixando aqui em lugar deles outros dois destes degredados.

E concordaram em que não era necessário tomar por força homens, porque costume era dos que assim à força levavam para alguma parte dizerem que há de tudo quanto lhes perguntam; e que melhor e muito melhor informação da terra dariam dois homens desses degredados que aqui deixássemos do que eles dariam se os levassem por ser gente que ninguém entende.

Nem eles cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor estoutros o não digam quando cá Vossa Alteza mandar. E que portanto não cuidássemos de aqui por força tomar ninguém, nem fazer escândalo; mas sim, para os de todo amansar e apaziguar, unicamente de deixar aqui os dois degredados quando daqui partíssemos.

E assim ficou determinado por parecer melhor a todos. Acabado isto, disse o Capitão que fôssemos nos batéis em terra. E ver-se-ia bem, quejando era o rio. Mas também para

folgarmos. Fomos todos nos batéis em terra, armados; e a bandeira conosco. Eles andavam ali na praia, à boca do rio, para onde nós íamos; e, antes que chegássemos, pelo ensino que dantes tinham, puseram todos os arcos, e acenaram que saíssemos. Mas, tanto que os batéis puseram as proas em terra, passaram-se logo todos além do rio, o qual não é mais ancho que um jogo de

mancal. E tanto que desembarcamos, alguns dos nossos passaram logo o rio, e meteram-se entre eles. E alguns aguardavam; e outros se afastavam. Com tudo, a coisa era de maneira que todos andavam misturados. Eles davam desses arcos com suas setas por sombreiros e carapuças de linho, e por qualquer coisa que lhes davam. Passaram além tantos dos nossos e andaram assim misturados com eles, que eles se esquivavam, e afastavam-se; e iam alguns para cima, onde outros estavam. E então o Capitão fez que o tomassem ao colo dois homens e passou o rio, e fez tornar a todos. A gente que ali estava não seria mais que aquela do costume. Mas logo que o Capitão chamou todos para trás, alguns se chegaram a ele, não por o reconhecerem por Senhor, mas porque a gente, nossa, já passava para aquém do rio. Ali falavam e traziam muitos arcos e continhas, daquelas já ditas, e resgatavam-nas por qualquer coisa, de tal maneira que os nossos levavam dali para as naus muitos arcos, e setas e contas.

E então tornou-se o Capitão para aquém do rio. E logo acudiram muitos à beira dele. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.

Também andava lá outra mulher, nova, com um menino ou menina, atado com um pano aos peitos, de modo que não se lhe viam senão as perninhas. Mas nas pernas da mãe, e no resto, não havia pano algum.

Em seguida o Capitão foi subindo ao longo do rio, que corre rente à praia. E ali esperou por um velho que trazia na mão uma pá de almadia. Falou, enquanto o Capitão estava com ele, na presença de todos nós; mas ninguém o entendia, nem ele a nós, por mais coisas que a gente lhe perguntava com respeito a ouro, porque desejávamos saber se o havia na terra.

Trazia este velho o beiço tão furado que lhe cabia pelo buraco um grosso dedo polegar. E trazia metido no buraco uma pedra verde, de nenhum valor, que fechava por fora aquele buraco. E o Capitão lha fez tirar. E e le não sei que diabo falava e ia com ela para a boca do Capitão para lha meter. Estivemos rindo um pouco e dizendo chalaças sobre isso. E então enfadou-se o Capitão, e deixou-o. E um dos nossos deu-lhe pela pedra um sombreiro velho; não por ela valer alguma coisa, mas para amostra. E depois houve-a o Capitão, creio, para mandar com as outras coisas a Vossa Alteza.

Andamos por aí vendo o ribeiro, o qual é de muita água e muito boa. Ao longo dele há muitas palmeiras, não muito altas; e muito bons palmitos. Colhemos e comemos muitos deles.

Depois tornou-se o Capitão para baixo para a boca do rio, onde tínhamos desembarcado. E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante os outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio Diogo Dias, que fora almoxarife de Sacavém, o qual é homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez ali muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de que se eles espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo os segurou e afagou muito, tomavam logo uma esquiveza como de animais montezes, e foram-se para cima.

E então passou o rio o Capitão com todos nós, e fomos pela praia, de longo, ao passo que os batéis iam rentes à terra. E chegamos a uma grande lagoa de água doce que está perto da praia, porque toda aquela ribeira do mar é apaulada por cima e sai a água por muitos lugares.

E depois de passarmos o rio, foram uns sete ou oito deles meter-se entre os marinheiros que se recolhiam aos batéis. E levaram dali um tubarão que Bartolomeu Dias matou. E levavam-lho; e lançou-o na praia.

Bastará que até aqui, como quer que se lhes em alguma parte amansassem, logo de uma mão para outra se esquivavam, como pardais do cevadouro. Ninguém não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais. E tudo se passa como eles querem -- para os bem amansarmos !

Ao velho com quem o Capitão havia falado, deu-lhe uma carapuça vermelha. E com toda a conversa que com ele houve, e com a carapuça que lhe deu tanto que se despediu e começou a passar o rio, foi-se logo recatando. E não quis mais tornar do rio para aquém. Os outros dois o Capitão teve nas naus, aos quais deu o que já ficou dito, nunca mais aqui apareceram -- fatos de que deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montezinhas, as quais o ar faz melhores penas e melhor cabelo que às mansas, porque os seus corpos são tão limpos e tão gordos e tão formosos que não pode ser mais! E isto me faz presumir que não tem casas nem moradias em que se recolham; e o ar em que se criam os faz tais. Nós pelo menos não vimos até agora nenhumas casas, nem coisa que se pareça com elas.

Mandou o Capitão aquele degredado, Afonso Ribeiro, que se fosse outra vez com eles. E foi; e andou lá um bom pedaço, mas a tarde regressou, que o fizeram eles vir: e não o quiseram lá consentir. E deram-lhe arcos e setas; e não lhe tomaram nada do seu. Antes, disse ele, que lhe tomara um deles umas continhas amarelas que levava e fugia com elas, e ele se queixou e os outros foram logo após ele, e lhas tomaram e tornaram-lhas a dar; e então mandaram-no vir. Disse que não vira lá entre eles senão umas choupaninhas de rama verde e de feteiras muito grandes, como as de Entre Douro e Minho. E assim nos tornamos às naus, já quase noite, a dormir.

Segunda-feira, depois de comer, saímos todos em terra a tomar água. Ali vieram então muitos; mas não tantos como as outras vezes. E traziam já muito poucos arcos. E estiveram um pouco afastados de nós; mas depois pouco a pouco misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam; mas alguns deles se esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por alguma carapucinha velha e por qualquer coisa. E de tal maneira se passou a coisa que bem vinte ou trinta pessoas das nossas se foram com eles para onde outros muitos deles estavam com moças e mulheres. E trouxeram de lá muitos arcos e barretes de penas de aves, uns verdes, outros amarelos, dos quais creio que o Capitão há de mandar uma amostra a Vossa Alteza.

E segundo diziam esses que lá tinham ido, brincaram com eles. Neste dia os vimos mais de perto e mais à nossa vontade, por andarmos quase todos misturados: uns andavam quartejados daquelas tinturas, outros de metades, outros de tanta feição como em pano de ras, e todos com os beiços furados, muitos com os ossos neles, e bastantes sem ossos. Alguns traziam uns

ouriços verdes, de árvores, que na cor queriam parecer de castanheiras, embora fossem muito mais pequenos. E estavam cheios de uns grãos vermelhos, pequeninos que, esmagando-se entre os dedos, se desfaziam na tinta muito vermelha de que andavam tingidos. E quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam.

Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos.

E o Capitão mandou aquele degredado Afonso Ribeiro e a outros dois degredados que fossem meter-se entre eles; e assim mesmo a Diogo Dias, por ser homem alegre, com que eles folgavam. E aos degredados ordenou que ficassem lá esta noite.

Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde

fizeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá ficasse nenhum. E ainda, segundo diziam, queriam vir com eles.

Resgataram lá por cascavéis e outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos, e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, espécie de tecido assaz belo, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vo-las há de man dar, segundo ele disse. E com isto vieram; e nós tornamo-nos às naus.

Terça-feira, depois de comer, fomos em terra, fazer lenha, e para lavar roupa. Estavam na praia, quando chegamos, uns sessenta ou setenta, sem arcos e sem nada. Tanto que chegamos, vieram logo para nós, sem se esquivarem. E depois acudiram muitos, que seriam bem duzentos, todos sem arcos. E misturaram-se todos tanto conosco que uns nos ajudavam a acarretar lenha e metê-las nos batéis. E lutavam com os nossos, e tomavam com prazer. E enquanto fazíamos a lenha, construíam dois carpinteiros uma grande cruz de um pau que se ontem para isso cortara. Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais para verem a ferramenta de ferro com que a faziam do que para verem a cruz, porque eles não tem coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes, porque lhas viram lá. Era já a conversação deles conosco tanta que quase nos estorvavam no que havíamos de fazer.

E o Capitão mandou a dois degredados e a Diogo Dias que fossem lá à aldeia e que de modo algum viessem a dormir às naus, ainda que os mandassem embora. E assim se foram.

Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra. Todavia os que vi não seriam mais que nove ou dez, quando muito. Outras aves não vimos então, a não ser algumas pombas-seixeiras, e pareceram-me maiores bastante do que as de Portugal. Vários diziam que viram rolas, mas eu não as vi. Todavia segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infinitas espécies, não duvido que por esse sertão haja muitas aves!

E cerca da noite nós volvemos para as naus com nossa lenha. Eu creio, Senhor, que não dei ainda conta aqui a Vossa Alteza do feitio de seus arcos e setas. Os arcos são pretos e compridos, e as setas compridas; e os ferros delas são canas aparadas, conforme Vossa Alteza verá alguns que creio que o Capitão a Ela há de enviar.

Quarta-feira não fomos em terra, porque o Capitão andou todo o dia no navio dos mantimentos a despejá-lo e fazer levar às naus isso que cada um podia levar. Eles acudiram à praia, muitos, segundo das naus vimos. Seriam perto de trezentos, segundo Sancho de Tovar que para lá foi. Diogo Dias e Afonso Ribeiro, o degredado, aos quais o Capitão ontem ordenara que de toda maneira lá dormissem, tinham voltado já de noite, por eles não quererem que lá ficassem. E traziam papagaios verdes; e outras aves pretas, quase como pegas, com a diferença de terem o bico branco e rabos curtos. E quando Sancho de Tovar recolheu à nau, queriam vir com ele, alguns; mas ele não admitiu senão dois mancebos, bem dispostos e homens de prol. Mandou pensar e curá-los mui bem essa noite. E comeram toda a ração que lhes deram, e mandou dar-lhes cama de

lençóis, segundo ele disse. E dormiram e folgaram aquela noite. E não houve mais este dia que para escrever seja. Quinta-feira, derradeiro de abril, comemos logo, quase pela manhã, e fomos em terra por mais lenha e água. E em querendo o Capitão sair desta nau, chegou Sancho de Tovar com seus dois hóspedes. E por ele ainda não ter comido, puseram-lhe toalhas, e veio-lhe comida. E comeu. Os hóspedes, sentaram-no cada um em sua cadeira. E de tudo quanto lhes deram,

comeram mui bem, especialmente lacão cozido frio, e arroz. Não lhes deram vinho por Sancho de Tovar dizer que o não bebiam bem. Acabado o comer, metemo-nos todos no batel, e eles conosco. Deu um grumete a um deles uma armadura grande de porco montês, bem revolta. E logo que a tomou meteu-a no beiço; e porque se lhe não queria segurar, deram-lhe uma pouca de

cera vermelha. E ele ajeitou-lhe seu adereço da parte de trás de sorte que segurasse, e meteu-a no beiço, assim revolta para cima; e ia tão contente com ela, como se tivesse uma grande jóia. E tanto que saímos em terra, foi-se logo com ela. E não tornou a aparecer lá.

Andariam na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e de aí a pouco começaram a vir. E parece-me que viriam este dia a praia quatrocentos ou quatrocentos e cinqüenta. Alguns deles traziam arcos e setas; e deram tudo em troca de carapuças e por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos, e alguns deles bebiam vinho, ao passo que outros o não podiam beber. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade! Andavam todos tão bem dispostos e tão bem feitos e galantes com suas pinturas que agradavam. Acarretavam dessa lenha quanta podiam, com mil boas vontades, e levavam-na aos batéis. E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que nós estávamos entre eles.

Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até um ribeiro grande, e de muita água, que ao nosso parecer é o mesmo que vem ter à praia, em que nós tomamos água. Ali descansamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dele, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho e tão basto e de tanta qualidade de folhagem que não se pode calcular. Há lá muitas palmeiras, de que colhemos muitos e bons palmitos.

Ao sairmos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos em direitura à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la.

Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na

nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!

Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.

Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus. Se lhes a gente acenava, se queriam vir às naus, aprontavam-se logo para isso, de modo tal, que se os convidáramos a todos, todos vieram. Porém não levamos esta noite às naus senão quatro ou cinco; a saber, o Capitão-mor, dois; e Simão de Miranda, um que já trazia por pagem; e Aires Gomes a outro, pagem também. Os que o Capitão trazia, era um deles um dos seus hóspedes que lhe haviam trazido a primeira vez quando aqui chegamos -- o qual veio hoje aqui vestido na sua camisa, e com ele um seu irmão; e foram esta noite mui bem agasalhados tanto de comida como de cama, de colchões e lençóis, para os mais amansar.

E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. E ali marcou o Capitão o sítio onde haviam de fazer a cova para a fincar. E enquanto a iam abrindo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, rio abaixo onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes que cantavam, à frente, fomos trazendo-a dali, a modo de procissão. Eram já aí quantidade deles, uns setenta ou oitenta; e quando nos assim viram chegar, alguns se foram meter debaixo dela, ajudar-nos. Passamos o rio, ao longo da praia; e fomos colocá-la onde havia de ficar, que será obra de dois tiros de besta do rio. Andando-se ali nisto, viriam bem cento cinqüenta, ou mais. Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiro lhe haviam pregado, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E

quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.

Estiveram assim conosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nós outros. E alguns deles, por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinqüenta ou cinqüenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos! Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima, e ficou na alva; e assim se subiu, junto ao altar, em uma cadeira; e ali nos pregou o Evangelho e dos Apóstolos cujo é o dia, tratando no fim da pregação desse vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, que nos causou mais devoção.

Esses que estiveram sempre à pregação estavam assim como nós olhando para ele. E aquele que digo, chamava alguns, que viessem ali. Alguns vinham e outros iam-se; e acabada a pregação, trazia Nicolau Coelho muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra vinda. E houveram por bem que lançassem a cada um sua ao pescoço. Por essa causa se assentou o padre frei Henrique ao pé da cruz; e ali lançava a sua a todos -- um a um -- ao pescoço, atada em um fio, fazendo-lha primeiro beijar e levantar as mãos. Vinham a isso muitos; e lançavam-nas todas, que seriam obra de quarenta ou cinqüenta. E isto acabado -- era já bem uma hora depois do meio dia -- viemos às naus a comer, onde o Capitão trouxe consigo aquele mesmo que fez aos outros aquele gesto para o altar e para o céu, (e um seu irmão com ele). A aquele fez

muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca; e ao outro uma camisa destoutras. E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar; porque já então terão mais conhecimentos de nossa fé, pelos dois degredados que aqui entre eles ficam, os quais hoje também comungaram.

Entre todos estes que hoje vieram não veio mais que uma mulher, moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se cobrisse; e puseram-lho em volta dela. Todavia, ao sentar-se, não se lembrava de o estender muito para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior -- com respeito ao pudor.

Ora veja Vossa Alteza quem em tal inocência vive se se convertera, ou não, se lhe ensinarem o que pertence à sua salvação. Acabado isto, fomos perante eles beijar a cruz. E despedimo-nos e fomos comer.

Creio, Senhor, que, com estes dois degredados que aqui ficam, ficarão mais dois grumetes, que esta noite se saíram em terra, desta nau, no esquife, fugidos, os quais não vieram mais. E cremos que ficarão aqui porque de manhã, prazendo a Deus fazemos nossa partida daqui.

Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé! E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe.

Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha.

NUPILL - Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística



Diário de Navegação de Pêro Lopes e Sousa (fragmento)

"Terça-feira, 31 do dito mês (janeiro), no quarto d'alva, vimos terra, que nos demorava a oeste: chegando-nos mais a ela houvemos vista de uma nau; e demos as velas todas, e a fomos demandar: e mandou o Capitão I dois navios na volta do Norte - na volta em que a nau ia, e outros dois na volta do Sul: a nau como se viu cercada arribou à terra, e a meia légua dela surgiu, e lançou o batel fora. Como fomos dela um tiro de bombarda se meteu a gente toda no batel e fugiu para a terra. Mandou o Capitão I a Diogo Leite, capitão da caravela Princesa, que fosse com seu batel após o batel da nau: quando já chegou à terra, era já a gente metida pela terra dentro, e o batel quebrado. Fomos à nau e nela não achamos mais que um só homem; tinha muita artilharia e pólvora, e estava toda abarrotada de brasil. Ao meio-dia nos fizemos a vela para ir demandar o cabo de Santo Agostinho: seríamos dele seis léguas. Tomamos esta nau de França defronte ao cabo de Percaauri; corre-se com o cabo de Santo Agostinho norte e sul, tomada quarta de noroeste e sueste. Da banda do sul do cabo de Santo Agostinho achamos outra nau de França, que tomamos carregada de Brasil."